segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vença a inércia

Rendermo-nos à inércia é responder aos nossos instintos mais básicos. Frio, tapar. Calor, destapar. Fome, comer. Sede, beber. Pergunta, resposta. Os movimentos são reduzidos ao mínimo possível e a actividade cerebral abranda. Ficamos num estado catatónico. Não temos vontade de fazer absolutamente nada. Deixamos de agir e passamos a reagir. Perdemos forças. Rendemo-nos ao deus do entretenimento e ao poder do aquecedor a óleo. Papamos séries e filmes, só com "pit stops". Pelo meio ainda há espaço para pegar num livro. Mas em verdadeiros dias de inércia, só a televisão nos permite agir em conformidade com as nossas necessidades. Por vezes tentamos contrariar, mas há dias em que é melhor vencer a inércia. Tudo em nome da nossa sanidade.

"Books are poo"

O Natal tem destas coisas... E o vídeo só tem piada porque o catraio não tem para aí uns 10 anos. É um desabafo sincero.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

É míope ou impressionista

Ser míope é o mesmo que viver num bonito quadro impressionista. Todos os dias os mais pequenos objectos podem nos surpreender. Esticamos a mão para apanhar o telemóvel e sai um comando de TV. Vejo um vulto em cima da cama e começo a fazer festinhas a um cobertor, para logo a seguir perceber que afinal não era uma gata. Ah! Que coisa mais linda. Tento encontrar os meus óculos na mesa de cabeceira e só apalpo livros e lenços de papel. Mas o melhor é quando procuro as próprias das lentes. Ah, qual labirinto de fauno ou cruzada católica. É ver-me a apalpar coisas, a semicerrar os olhos e concentrar-me, mesmo com muita força, e a acreditar que com o poder da mente vou ver tudo. Depois desisto, peço ajuda e fico sentada de braços cruzados. Todo este festival, porque vivo num lindo mundo impressionista de 7 dioptrias.

domingo, 19 de dezembro de 2010

FAMILY GUY - "All I Really Want For Christmas"

Não há Natal sem listas e listas de presentes. Mesmo que não passem do papel. Toca a desejar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Natal é...

Gostar de ficar em casa e não ter vontade de sair. Enfrentar sem medos filas intermináveis e ter dúvidas existenciais sobre qual é a melhor cor que fica bem com o tom de pele de alguém.
O Natal é papar anúncios dos Ferrero Rocher e gostar. É sentir o cheiro dos sonhos no óleo, os restos de massa espalhados pela bancada da cozinha e ver crianças a tentarem roubar doces o mais que puderem.
É comer chocolates sem receios e ter orgulho nisso. Fazer a árvore de Natal e guardar os presentes em sacos enormes para levar para a casa da festa.
Natal é ficar feliz por abrir presentes. Ficar ainda mais feliz por ver os outros a abrirem os presentes que nós comprámos. É não ter peso na consciência por rasgar dezenas de papéis de embrulho. Dormir a pensar: "O que será que está dentro daquela caixa?". Ser acordada por uma criança aos pulos em cima da cama a gritar: "Vamos, vamos". Ter sono e não ser assim tão mau. Reencontrar pessoas, sorrir-lhes e elas sorrirem de volta. Estar feliz porque está toda a gente feliz. Saber que já passou, já acabou e que só se repete uma vez por ano.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Odeio frio


Hoje só tenho isto para dizer ao mundo: odeio frio. Acho que toda a gente odeia. Até os que dizem que não. A verdade é que o frio só tem piada quando estamos agasalhados, cheios de cachecóis, luvas e sentimos um ligeiro friozinho na ponta do nariz. Pronto. É o suficiente para percebermos que estamos no Inverno: "Ai que giro. Gosto tanto das manhãs de Sol no Inverno." Acabou. Além disto, não é possível gostar. Honestamente ninguém gosta de ter os pés gelados, as mãos frias, sentir que o vento lhe entra pela espinha adentro e a garganta começa a picar... Pior que tudo são as casas fechadas no Inverno. O frio torna-se visível. E para terminar, uma imagem do demónio: cama com lençóis tão frios, tão frios, que chegam a estar húmidos. Grrrrr

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Colaborador ou trabalhador

Irrita-me profundamente a moda do século XXI de chamar aos trabalhadores colaboradores. Parece que têm medo dos fantasmas. "Ai, não. Eu cá não sou trabalhador, sou colaborador desta empresa. Não há hierarquias, não trabalho para ninguém, colaboro. Quando não me apetece, não vou trabalhar."
Imbuída deste espírito de revolta e com a noção quase religiosa de que um colaborador é alguém que não tem um vínculo directo com a empresa, apenas colabora de vez em quando, descobri que o dicionário acha que estou errada. Pois bem, diz que um colaborador é:
"1. Pessoa que trabalha com outra em iguais circunstâncias de iniciativa.
2. Pessoa que escreve para uma publicação periódica, sem fazer parte da redação. 3. Que colabora. = colaborante" Isto segundo o Priberam.
Já a palavra trabalhador é:
"1. Que gosta de trabalhar; laborioso. 2. Pessoa que trabalha. 3. Jornaleiro. 4. Aquele que trabalha de enxada."
Esclarecida? Nem por isso. Só sei que trabalho sem enxada. Mas trabalho.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Bem-vindo ao mundo encantado dos...

... brinquedos, acessórios, quinquilharias, coisas e mais coisas chinesas. Por ano, entro meia dúzia de vezes no chinês. Não por preconceito, simplesmente porque não tenho nenhuma loja perto do trabalho. Invariavelmente no Natal entro e perco-me nos corredores a descobrir coisas que nem sabia que existiam e eram comercializadas. Não é para despachar os familiares todos a eito, mas para preencher as quotas dos jantares de Natal de amigos. Adoro quando tenho como prova olímpica oferecer um presente de dois euros.
Primeira reacção: “O que é que se pode comprar com dois euros?” Nada. Claro. Batatas, iogurtes, peitos de frango, cereais e coisas assim. Ah, mas no Chinês há tanta coisa por onde escolher. Um mundo encantado. É certo, muitas delas não têm utilidade, mas compensam com a gargalhada de quem as recebe.
Com dois euros comprei duas caixas de plástico para fazer gelados de gelo, um jogo com uma espécie de raquetas e uma chávena de café. Mas há mais pelo mesmo valor. Uma campainha tipo repartição pública, os bibelôs mais pirosos da história, vassouras com bonecos e flores. Entra-se numa espiral vertiginosa de descoberta. Qual criança perdida no Toys'r'us a puxar à saia à mãe, ou melhor, a pôr tudo no carrinho: "Preciso mesmo deste estojo em forma de boneco. A prima afastada da Barbie é que vinha a calhar ou o peluche do Buzz com 50 cm."
A descoberta deste ano é a marca Wu, uma Wii sem o peso da multinacional Nintendo. Só vi comandos da Wu, mas presumo que existam jogos e outros acessórios. Que coisa mais linda esta da globalização, dos preços baixos e da falsificação em barda de tudo o que existe neste mundo. Não?
Bem, se nos pusermos a pensar como é que eu consegui ter tantas coisas por tão pouco dinheiro, tendo em conta que atravessaram o planeta para aqui chegar, é que é mais chato. A porra da globalização tem destas coisas.



quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ciência ao serviço do entretenimento

Quem é que nunca quis aprender um truque de magia? Richard Wiseman é psicólogo, professor na Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, e mágico nos tempos livres. Mas um mágico que não se arma com aquelas coisas do inexplicável e tal. Este sr. faz-nos o favor de pôr a ciência ao serviço do entretenimento. Para saber mais, basta ir ao blogue http://richardwiseman.wordpress.com/ ou ver o vídeo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pensamentos soltos num feriado com chuva

Quando não apetece trabalhar ficamos com vontade de fazer quase tudo que não seja trabalhar. Até limpar o pó nos parece uma actividade bem divertida. Hoje vou apontar para a estratosfera e pôr em página tudo o que me apeteceria fazer e não posso:

- comer um crepe com cinco bolas de gelado e muito chocolate quente
- cheirar o mar e meter os pés na areia seca e quentinha
- subir a uma montanha numa tarde de sol
- andar de cavalo
- ver uma série de televisão do princípio ao fim, até sentir as lentes de contacto a secarem e estarem prestes a saltar dos meus olhos
- aprender a fazer tricô
- acabar o livro que estou a ler
- comer muitos chocolates
- passear no baixa numa tarde de sol
- comer tapas
- dormir uma sesta

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

De blindados e armaduras

Quando pego no carro para regressar a casa e vejo as filas de luzes vermelhas (as traseira dos carros) com chuva a fazer-nos companhia e o céu negro, só penso numa coisa: bem-vindos ao cenário da guerra urbana. É ver cada um de nós armado com o seu blindado, a tentar furar a confusão e a chegar primeiro. Carregamos quilos em cima, as sobrancelhas frazem-se, a paciência falta-nos e o desespero chega. Olhamos para o lado e rendemo-nos às evidências. Não, não vale a pena mudar de faixa para aquela que nos parece incrivelmente rápida. É uma ilusão de óptica. Mesmo assim, tentamos e logo percebemos que o que ia atrás de nós já nos ultrapassou. Mais vale respirar fundo, aguentar os sinais de luzes dos apressados, os que se metem à campeão e não acharmos que somos invencíveis dentro do blindado da Renault, da Volkswagen ou da Opel.

Barbie sob investigação do FBI























Pergunto-me sinceramente quem teve a bela ideia de espetar uma câmara de filmar no peito da Barbie, ligeiramente acima das maminhas. "Ui, que brincadeira tão gira. A Barbie filma o Ken e companhia e projeta o filme nas costas." Se há boneca no mundo que consegue ter uma máquina dentro do corpo e continuar a parecer sexy e gira é a Barbie. Ainda assim acho um bocadinho exagerado transformar a boneca numa espécie de exterminadora implacável. Desnecessário, diria até. Era preferível dar-lhe uma míni câmara que funcionasse em vez de a transformar num ser estranho, tipo ET. Gostava de saber como é que a Barbie justifica a câmara dentro do corpo quando está a brincar? "Olá Ken. Sorri aqui para o meu peito. Estou a filmar-te." Não resulta. "Olha, no Natal recebi uma câmara que se incorpora no meu peito?"
Para tornar a última mutação da Barbie ainda mais polémica, o FBI entra no terreno. Ao que parece, a Barbie com câmara de vídeo pode ser utilizada para fins menos próprios, como filmar os miúdos sem roupas... Muito, muito creepyyy... Pelo sim, pelo não, é melhor manter uma distância de segurança desta boneca.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Gatas x 2 + gotas x 4 = ?

Já confessei ao mundo a minha escassa ou nenhuma experiência com animais. Agora que estou finalmente a preencher essa lacuna na minha vida, deparo-me com outra questão: a manutenção.
Não falo da comida, do xixi e do cocó, nem do colo e dos abraços e beijinhos, do sofá estragado, dos phones assassinados, falo das doenças. Uma das minhas gatas ficou com coriza (uma espécie de conjuntivite felina), fomos ao veterinário e como receita médica medicamentos e gotas... Ora imagine-se pôr gotas a gatos.
São um bicho que adoro mas convenhamos que agarrar num gato, abrir-lhe o olho e espetar-lhe uma gota não é tarefa fácil. Ah! Mas há melhor. Não é uma gota em cada olho, são duas. Da primeira vez, o bicho achou estranho. Até o conseguimos enganar para a primeira ou segunda gota. Agora e as outras?
Fui a debutante na tarefa que logo passei ao outro dono. Muito mais dotado do que eu para estas coisas de agarrar um gato pela parte de trás do pescoço e mantê-lo imóvel.
Agora a piece de resistance: O raio da porcaria da coriza já passou, segundo diz o médico que visitei hoje, mas a gata continua com lágrimas. Depois de muitas análises, parece estar tudo bem. Mas pelo sim, pelo não, mais umas quantas gotas.
A outra gata que estava óptima para destruir tapetes, começou esta semana com uma pele branca nos olhos. Achei aquilo estranhíssimo. Afinal, diz que é uma terceira pálpebra, coisa comum e tal. Pois bem, vai levar gotas também. Numa espécie de: "já que aqui estamos vai tudo a eito".
Resultado da minha segunda ida ao veterinário: nada de comprimidos que elas comem como se fosse um doce e como presente de Natal: 8 gotas em cada gata! Sou péssima a fazer contas, mas óptima a medir os níveis de stress cá de casa. RRRRRrrrr.
As bichanas tentam de tudo para nos escapar. Já era complicado dar quatro gotas numa. Agora são oito em cada gata!!!
É vê-las a espernear, tremelicar o olhar e fazer carinha de condenado à pena de morte. Uma pessoa tem de se aguentar estoicamente e cruzar os dedos para que não passem a odiar os donos que tanto mimo lhes dão e que de um dia para o outro, vá-se lá saber porquê, passaram a ter rituais veterinários de péssimo gosto.

Recepção ao extraterrestre

Ontem estava tudo em polvorosa à espera que a NASA dissesse: "sim, encontramos a família do ET". Na realidade, saíram-se com uma explicação científica elaborada cuja conclusão é: "quase de certezinha que há vida ET". Bem, mas não estou para aqui a escrever sobre descobertas científicas mas sim sobre uma pérola que me mostraram outro dia. A música "Sr. Extraterrestre", letra de Carlos Paião, interpretação a cargo da sô dona Amália. A letra é deliciosa e cheia de pontos interessantes:
1º - Amália consegue comunicar com ETs e eles entendem português
2º - O ET foi apanhado pela polícia sem carta de condução
3º - O ET sabe o que são sardinhas e bacalhau (coisa que infelizmente não há lá na terra dele)
4º - O Sr. extraterrestre tem uma carteira (conceito bastante comum no mundo dos aliens pois tem de andar com notas, cartões e essas coisas). E o que é que não podia faltar na carteira? A fotografia do filho que por sinal é verdinho como o pai
5º - O OVNI tem chaves. Claro, como é óbvio. Uma nave espacial tem de ter ignição tipo carro
6º - O ET come sandes durante a viagem e abre a janela enquanto conduz. Uma coisa chata não ter oxigénio enquanto se viaja. Oxigénio? Ai, espera. Este ET respira o quê? Isso não interessa. O melhor disto tudo é que o SR. ET viaja de vidro sem ser sugado para o espaço
7º - ET que é ET, pelo menos os que dão à costa portuguesa, bebem vinho tinto

Aqui fica para apreciação, juntamente com o vídeo. É maravilhoso.


"Vou contar-vos uma história
que não me sai da memória,
foi para mim uma vitória
nesta era espacial.
Noutro dia estremeci
quando abri a porta e vi
um grandessíssimo ovni
pousado no meu quintal.

Fui logo bater à porta,
veio uma figura torta,
eu disse: se não se importa
poderia ir-se embora,
tenho esta roupa a secar
e ainda se vai sujar
se essa coisa aí ficar
a deitar fumo para fora.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá o botãozinho
e pôde contar-me então
que tinha sido multado
por o terem apanhado
sem carta de condução.

O senhor desculpe lá,
não quero passar por má,
pois você onde está
não me adianta nem me atrasa.
O pior é que a vizinha
que parece que adivinha
quando vir que estou sozinha
com um estranho em minha casa.

Mas já que está aí de pé
venha tomar um café,
faz-me pena, pois você
nem tem cara de ser mau
e eu queria saber também
se na terra donde vem
não conhece lá ninguém
que me arranje bacalhau.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho,
disse para me pôr a pau,
pois na terra donde vinha
nem há cheiro de sardinha
quanto mais de bacalhau.

Conte agora novidades:
É casado? Tem saudades?
Já tem filhos? De que idades?
Só um? A quem é que sai?
Tem retratos com certeza,
mostre lá? Ai que riqueza,
não é mesmo uma beleza,
tão verdinho? sai ao pai.

Já está de chaves na mão?
Vai voltar para o avião?
Espere, que já ali estão
umas sandes para viagem
e vista também aquela
camisinha de flanela
para quando abrir a janela
não se constipar com a aragem.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
e pôde-me então dizer
que quer que eu vá visitá-lo,
que acha graça quando eu falo
ou ao menos para escrever.

E o senhor extraterrestre
viu-se um pouco atrapalhado,
quis falar mas disse pi,
estava mal sintonizado.
Mexeu lá no botãozinho
só para dizer: Deus lhe pague.
Eu dei-lhe um copo de vinho
e lá foi no seu caminho
que era um pouco em ziguezague."


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Busted!

Pois é... Fui apanhada. Busted. Mais ou menos o equivalente a entrarem no meu quarto e descobrirem o meu diário completamente destrancado. Felizmente, é um diário sem segredos metafísicos ou amorosos.
A verdade é que nunca tive grande paciência para diários. Lembro-me que tinha um muito lindo, cor-de-rosa com um desenho de um gato e de um coração. Uma coisa mesmo pirosa, como manda a lei. Deve ter umas sete páginas escritas e o conteúdo mais interessante é o meu primeiro passeio de bicicleta.
Aprendi a andar com 7 anos e dominava muito bem os esses. Conseguia fazer esses mesmo com rodinhas. Não é qualquer um que perde o equilíbrio assim. Eu conseguia. A minha mãe cumpria muito bem a sua função de correr atrás de mim. Mas fiz-me uma moça adulta e capaz de andar de bicicleta.
Foi nesse diário que percebi como as coisas mudam e como o papel não. Nesse diário, há uma página onde relatava o meu amor por um rapaz qualquer lá da escola. Passados uns dias mudei de ideias e resolvi remediar a situação. Como é que se resolve este imbróglio? Riscando por cima. Ora pois. Escrevi: "É tudo mentira". Ou seja, desmenti-me a mim mesma. Se isso é possível?
Neste caso, não o posso fazer. Nem vale a pena praguejar aos deuses da protecção informática ou mesmo à porra do histórico. (sim, no meu trabalho não temos autorização para o limpar) Apanharam-me no ciberespaço dos blogues. Pronto.

Por que razão trabalhamos?

Por que ninguém resiste ficar em casa com a programação da televisão pública. É o grande contributo da RTP para o desenvolvimento da economia nacional. Assim não ficamos com pena de não estarmos em casa. O pior é quando ficamos doentes. Mas demos graças à Internet e a tv digital.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O que é isso do fado

Há muitas definições e teorias sobre a sua origem. A quem o encontre no Brasil, como dança dos escravos que deu à costa portuguesa quando a corte voltou da colónia, lá pro XIX, outros dizem que veio de África. Pelo meio metem-se os marinheiros. Outra teoria diz até que o fado é descendente das canções de gesta. Seja como for, o fado nasce pobre, em antros de promiscuidade, álcool e boémia, fruto de desgostos amorosos, dores de alma e de mais alguns trejeitos da alma dos portugueses. Só no século XX é que se torna canção nacional elevada a hino de um povo. No seu percurso ainda vai ser maltrada, porque Salazar gostava dela, mas se há coisa que não se pode dizer é que é não merece reconhecimento.
Há fados que têm as melhores poesias da língua portuguesa. Outros, vivem do gosto de brincar com a língua, coisa que o povo tantas vezes faz. Felizmente pertenço a uma geração que o pode aperciar sem pesos de antigo regime. Confesso que gosto. Confesso que me arrepia ouvir alguns fadistas cantarem, como o Camané, a Mafalda Arnauth ou a Mariza. Seja em casas de fado, a cantar à desgarrada ou nos Coliseus. Mas ninguém bate Amália.

domingo, 28 de novembro de 2010

Pai Natal, clica aqui!

Pai Natal, se andas por aí sem muito que fazer podes fazer o obsequio de me comprar isto http://www.maquinasecompanhia.com/crachas_kit_maquinas_badges.php? Fica mesmo bem dentro da minha meia. Depois vou poder brincar muito, fazer coisas giras, divertidas. São horas infinitas de prazer. Já tenho muitas ideias para fazer crachás.
A bem da verdade, também posso experimentar a coisa uma vez e perceber que não tenho jeito nenhum e o presente transforma-se num instante em objecto de arqueologia industrial. Mas nunca saberei se não o testar. Pai Natal, acredito que lá no fundo tenho muito jeito. Vá lá!!!!! :D

Cat person or dog person?

É uma característica de personalidade. Há os que adoram gatos e os que se babam por um cão. Depois há o dois em um. Cat and dog person. Confesso que sou um dois em um. Apesar de nunca ter tido um cão, adoptei os do meu namorado. Era ver-me a passeá-los, a dar-lhes banho, a fazer festas, até a descobrir (involuntariamente) caraças. Achava aquilo uma experiência sobre-humana.
O animal mais inteligente que alguma vez tive foi um hamster. Convenhamos que o truque mais elaborado que ele fazia era andar na roda e roer violentamente a gaiola, na esperança de se libertar daquela criança sedenta de carinho animal.
Pegava-lhe ao colo, fazia-lhe festinhas e tentava, sem qualquer sucesso, brincar com ele. O único resultado era uma espécie de tremelique nervoso no olho direito do rato em jeito de "Socorro, tirem-me daqui". O máximo que consegui que ele fizesse foi morder-me.
Depois há outra secção animal na minha vida. Os infinitos canários do meu pai. Eram uma seca total, nem mordiam. Não havia interacção com os humanos. Um deles ficou tão doente que tive de lhe dar comida à boca. Coitado. Bem, nem vale a pena falar nos peixes de água fria. Que tristeza. Nem sobreviveram um mês e o mais emocionante do dia era dar-lhes comida.
Isto tudo para chegarmos a grande alegria do mês de Novembro: as minhas gatas. Têm três meses, são irmãs e vieram da rua. Foram apanhadas por uma associação de apoio a animais e estão cá em casa há três semanas. Podia contar tanta coisa, dar muitos exemplos do quão divertidas elas, com os saltos, as corridas e lutas entre elas, ou como é bom acordar e vê-las contentes por nos ver, mas partilho apenas uma história. Tê-las ao meu colo a fazer ron-ron até adormecerem. É uma das experiências mais zens e relaxantes de sempre. Ouvir a respiração, vê-las a bocejas... Pelo meio ainda me tentam dar banho (umas lambidelas ao estilo cão, em versão: "Ah dona, agora também és felina). Quer seja cat or dog person. O que interessa é poder ser uma pessoa com um animal. Garanto que é um óptimo contributo para a qualidade de vida.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A rede social


Fui ver o filme "A Rede Social" e fiquei baralhada. É um misto de sentimentos entre: Mark Zuckerberg é um génio ou é um canalha. No filme vemos como o maior nerd/totó com um sério défice de relações sociais inventa um sistema que revolucionou a internet - o Facebook. No início, achamos que ele é meio autista, com dificuldades a comunicar com outros seres humanos. Depois, percebemos que é um génio, cheio de imaginação, visão e criatividade. Pelo meio, vai enganando uns, conquistando outros, fazendo-se de parvo. Acaba bilionário, sem o melhor amigo e a pagar indemnizações brutais. Mas mesmo no final ficamos na dúvida: é mesmo mau ou apenas um humano a tentar safar-se? Cada um tira as suas conclusões.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Agora para relaxar... Mayra Andrade- Júana

Dar um tiro no pessoal

Ele há dias (que bonita expressão) que só apetece pegar numa arma e disparar. Apontar de forma certeira e... Pimba! Em cheio nos seres humanos que nos tiram do sério. Antes de denunciarem este blogue como perigoso ou terrorista, a arma aqui referida é uma com tranquilizantes para elefante ou melhor ainda uma de paintball. Uma bola de tinta amarela na perna, outra verde nas costas e assim de raspão uma no alto da cabeça. Quem nunca desejou fazê-lo que atire a primeira pedra. Os seres humanos são o melhor do mundo, mas também uns chatos, egoístas do catano. RRRrrrrrrrrrr

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Acumuladora

Confesso que quando vou às compras sou picada pelo bicho bunker. Passo a explicar, baixa em mim uma personagem estilo: "é comprar tudo antes que acabe". Produtos que têm uma data de validade grande, é ver-me a encher o carrinho aos pares. Quando o faço, fico convencida que estou a ser muito esperta e acredito piamente que vou adiar eternamente a próxima ida ao supermercado. Nada de errado até aqui. O único problema é quando encho o carro até não caber mais nada e fico com dificuldade a empurrá-lo. Ou melhor, quando chego a casa e os armários estão cheios. Comprar gel de banho aos três frascos, iogurtes às dúzias, pedras para gatas aos 10 kgs, cereais aos pares... Terei uma doença? O que é certo é que, caso os supermercados fechem, podem ir à minha casa comer ou beber qualquer coisinha.

A melhor música de Natal de sempre

É linda, linda, linda de morrer. A melhor música de Natal da história, com o seu toque de meio pirosa. Ai... Tão bom! "All I want for Christmas is you."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ausências


Tenho andado ausente. Não sei bem a razão. Talvez saiba, mas não queira dizer. Há dias e alturas em que é preciso fugir do que se escreve e pensa, para depois se pensar melhor. Faz sentido? Outro dia encontrei uma imagem do António Barreto que transmite bem o meu estado de espírito. Aqui fica. Sem mais palavras.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O tempo é relativo

São 11 da manhã, mas onde trabalho parecem 7. Há meia dúzia de pessoas, tudo com cara de sono. Há um silêncio estranho, demorado, sem interrupções. Sinal do fim dos tempos? Gostava de sentir o mundo a avançar, a mexer-se, a fervilhar. Wake up people. Rise and shine. Vamos lá para a frente, que isto de ficar à espera do mundo nunca deu em nada. Ou deu?
Na televisão uma espécie de Armagedão. Orçamento ou não orçamento... Ficar feliz com 23% de IVA ou com a queda do governo, mais atrasos, mais eleições e outros senhores que provavelmente farão o mesmo? Não se vê grande luz ao fundo do túnel.
A solução era começar tudo de novo, como as famílias americanas. Declara-se falência e pronto. Mudamos o nome da empresa, dizemos que fomos comprados, que a herança histórica mantém-se, não temos é dívidas e outros problemas, como por exemplo, a mania de viver acima das nossas possibilidades. Já os romanos diziam que éramos ingovernáveis. Será?
Somos óptimos é a dar festas. A sério. Damos perfeitos organizadores e relações públicas. Os exemplos estão aí: Expo 98, Euro 2004. Andámos todos felizes, o pessoal visitou-nos, comou bem, apanhou sol e pagou-nos. Perfeito. Podíamos ser uma espécie de república das festas. Temos um climazinha simpático, gente simpática e boa comida. Topam? (ler com tom de irónia e de má disposição)

Expectativas...

Os directos de televisão são um verdadeiro petisco. Nos momento em que está tudo colado à TV na esperança de uma resposta ou da grande solução para o problema nacional, acompanhamos carros em andamento e até pessoas a entrarem na casa de banho. Hoje assisti a isso. Uma jornalista ia entrevistar um representado do governo, apanhou-o no corredor. "Lá vem ele", dizia. E pimba. O sr. vira costas e entra na casa de banho. Palmas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Os meus cabelos brancos

A primeira vez que vi no meio do meu cabelo castanho escuro um cabelo branco foi em frente ao espelho da casa de banho. Estava a pentear-me e quando o vi fiquei em choque. É que não era esbranquiçado ou mais claro, era totalmente branco. Até brilhava. Nem tinha uma ponta de cor. Gritei assim que me apercebi e pedi para ter uma testemunha ao lado. "Anda cá ver isto." Como se fosse um fenómeno da natureza.
Entretanto esse cabelinho branco já se reproduziu, não sei bem como. Em vez de um, há três, todos perto uns dos outros. Mas há por aqui mais. O que me fez impressão não foi o lado estético da coisa, porque para isso já se inventaram tintas de cabelo. A questão é o que é que isso representa. De repente, a idade choca connosco de frente. O cabelo branco é um dos primeiros sinais de envelhecimento. Tão simples quanto isso. O nosso organismo deixa de ter capacidade de produzir as moléculas que dão cor ao cabelo. É quase um sinal de entrar em poupança.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A mania de ser feliz

Conversávamos sobre a vida e sobre o começar de novo. Perguntava-lhe por que não foi actor mais cedo? Porquê só aos 68 anos, quando chegou à reforma? A justificação era simples: "Tinha mulher e filhos." Franzia o sobrolho enquanto o dizia, como se lhe tivesse falado de uma proposta louca. Além dos filhos e da mulher, tinha contas para pagar. Claro. Nunca lhe passou pela cabeça atirar tudo ao ar e seguir um sonho. "O meu filho agora quer ser actor. Estou muito preocupado. É tudo tão instável. Vocês agora é que têm a mania de serem felizes", disse enquanto gesticulava e atirava a mão na minha direcção em sinal de desdém. Mania de ser feliz... Parecia que falava de um luxo, como a mania de ter coisas da Apple ou de conduzir carros novos. Naquele tempo não se pensava em ser fotógrafo ou actor para se ser feliz. Pensava-se numa profissão e no dinheiro que ela dava. O ser feliz era um brinde. Uma extra. Não uma motivação.
Ao falar com outra colega dele, uma velhinha também ela recém-actriz, ela dizia-me: "Sabe, fui convidada pela Amélia Rey Colaço para fazer parte da companhia dela, mas o meu marido pediu-me para não ir. Como ele tinha sido tão bom para mim, não fui." Outro conceito novo. Como ele até fez o favor de ser bom para ela, ela não foi. Ficou. Recusou um sonho, perfeitamente compatível com uma vida a dois. Mas ele tinha sido tão bom...
Gerações diferentes ou planetas diferentes dos nossos?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cérebro por uma palhinha

Acordar cedo e trabalhar várias horas seguidas normalmente resulta numa pouca vontade de manter a atenção, já aqui o disse. Depois de fazer uma reportagem e estar atenta a tudo o que se diz e faz, preciso de parar para respirar. De pedir um intervalo. Mas nem sempre dá. Aguenta-se a fome e a vontade de ir à casa de banho. Inicia-se uma conversa e a adrenalina do trabalho faz-nos esquecer tudo. Mesmo assim, não deixo de ter momentos em que sinto que me estão a sugar o cérebro com uma palhinha. Isso aconteceu-me hoje. Fiquei a olhar para a pessoa e esqueci, por segundos, o que dizia. Comecei então a imaginar que aquele incómodo na cabeça era o sr. a sugar-me os neurónios (que para mim são cor-de-rosa) com uma palhinha às riscas. Fazia-o devagarinho enquanto dizia coisas sem muito interesse.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Uma semana


O que se pode dizer de uma semana com pesadelos e cansaço? O pesadelo foi daqueles em que se acorda com um salto quase em pânico. Tudo porque acreditei que tinha assassinado uma pessoa acidentalmente. Coisa banal. Dei-lhe com um frasco de mel na cabeça e escondi o corpo numa caixa. O meu grande problema era que os pais descobrissem. Ora bolas! Tinha um peso na consciência enorme e uma angústia... Acordei mesmo aflita. A juntar ao pesadelo, esta semana o cansaço é tanto que ao fim do dia nem consigo conversar. A sério. Tento, mas não me consigo concentrar no que os outros dizem. Fico a olhar para o infinito e com uma dor de cabeça. Tal e qual o Kilie do "Fantástico Mr. Fox". Férias precisam-se!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Por que razão a República é uma mulher e tem uma mama de fora?


Fizeram-me essa pergunta há pouco tempo: por que raio a República é uma mulher desnuda? Lembrei-me logo de que a culpa era dos franceses e do quadro do Delacroix. As minhas justificações eram: mulher, porque a palavra república é feminina; mama de fora, porque é a liberdade. Uma mulher sem soutiens, corpetes e outros tecidos e atilhos. Pois bem, acho que basicamente era isso. Depois, surgiu outra ideia. Qual é a melhor maneira de motivar as massas? Não é preciso responder. Mas fiquemo-nos com a explicação romântica. O quadro "A Liberdade Guiando o Povo", de 1830, é inspirador, poético e sonhador. Assim como as ideias de liberdade e república.

Telemóveis, "mor" e o fim do Verão

É uma daquelas manhãs que fazem adivinhar que o Verão não vai voltar, por mais que o desejemos. Começou a chover, mas ainda há sol. A temperatura ronda os vinte graus, mas há um vento frio que aparece de vez em quando. Ainda estamos em Setembro e o Verão está perto o suficiente para pensarmos que podemos andar de sandálias e vestidos. Caminho para o carro, quando sou surpreendida por uma mulher que me chama: "Menina, menina! Pode ajudar-me." Olho para ela e vejo uma mulher de vestido de alcinhas cor-de-rosa às flores, com umas sandálias a condizer. Não tem sequer um casaquinho. Acho que lhe falta um dente e leva uma espécie de apanhado no cabelo. Paro para perceber como é que a posso ajudar. Ela estica-me um telemóvel cor-de-rosa e diz: "Não sei ler mensagens, pode ler? É uma mensagem que diz mor." Respondo que sim e receio o pior. Qui ça uma descrição escabrosa de amor ou sexo. Fico com vontade de rir, mas vamos a isto. Afinal, é uma mensagem banal do tal mor. "Não posso ligar amanhã ligo beijocas" Não havia vírgulas, nem pontuação. Repito em voz alta e a senhora agradece. Desde da noite passada que aquela mulher ficou sem perceber o que o "mor" queria. Uma carta de amor sem resposta. A mulher devia ter uns 40 anos. Fiquei com pena. Com Pena por vê-la a andar de vestido de alças num dia frio e com chuva. Com pena por ela não perceber nada de tecnologia e de provavelmente ter ficado uma noite inteira a imaginar que raio o "mor" teria respondido aos insistentes telefonemas dela. Com pena de ter sido eu, uma estranha, a ler-lhe a mensagem secreta do "mor" que não lhe ligou naquele dia e que só ligava no dia seguinte. Sabe-se lá porque razão. E com pena de já não ser Verão.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Descobrir um nicho de mercado ou como na Costa Rica até os crocodilos são pacíficos




Como tudo começou não sei. Sei apenas que este senhor tem a solução para os problemas económicos dos portugueses: descobrir um nicho de mercado. Quem é que pode tomar banho com um crocodilo e pegá-lo ao colo sem ser comido? Só o nosso amigo Chito. Diz que há 20 anos que os turistas vão lá para vê-lo. À conta desta amizade estranha Chito nunca mais teve de trabalhar. Vou ver se encontro um animal estranho para mim. :) No estado em que se encontra a Tugolândia, temos de nos virar para nichos e bichos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Irrita-me profundamente...

...pessoas que acham que um pisca é o equivalente a encostarem-se à faixa onde estou. É tipo: "Ah, e tal. Não estou a fazer pisca, mas estás a perceber que quero ir para aí, não é? Basta aproximar-me, assim devagarinho como quem não quer nada e... Pimba. Tu deixas-me passar, não deixas? Eu até nem estou a incomodar e isto é tudo tão devagarinho. Vá lá. Dá tanto trabalho fazer pisca. O comando nem está aqui ao lado do volante e estou neste momento a falar ao telemóvel e a mudar a estação de rádio." Raios! Não, não é. E não te vou deixar meter simplesmente porque estás a fazer de conta que eu nem existo e que mudar de faixa sem pisca é uma cena natural. Caramba. Faz o pisca! Não dói!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ninguém disse que os bonecos tinham de crescer


Quem é que achou que pôr os bonecos a crescer era fixe? Não, a sério, gostava de saber. É que como se não bastasse a Mónica da BD do Maurício se ter armado em adolescente boazona, ao estilo Morangos com Açúcar, cruzei outro dia com um ser que nem sequer reconheci. A nova barriguita é a pior invenção de sempre. Descobri-a num supermercado no meio dos outros brinquedos cor-de-rosa. Fui atraída como uma criança para umas bonequinhas que faziam lembrar a barriguita. Os tais bebés de barriga gordinha, com umas fraldas muito fofas, e uma panóplia de adereços, foram meus amigos na infância. Até aceitava que fossem bebés médicos, bebés que iam à praia sozinhos. Uma criança lida bem com essas incongruências. Agora, bebés grávidos é que não! É certo, que provavelmente aquilo que vi era uma barriguita adolescente, mas fiquei em estado de choque. Era mais um ícone da minha infância transfigurado. Não me saiu da cabeça o raio barriguita. Nos anos 80 usava fraldinha, agora a própria da barriguita tem um bebé na barriga. Já não é gordinha por ser bebé. Entendem? Isso não se faz. Tudo pode mudar no mundo, os nossos ídolos de infância (neste caso bonecos) é que não!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Obrigada "Modern Family"

Há muito tempo que não ria às gargalhadas com uma série de televisão. Quando digo às gargalhadas não estou a exagerar. É mesmo à gargalhada, com direito a dor de barriga e falta de ar. Posso estar sozinha na sala e não consigo parar de rir. Tudo graças à série "Modern Family". Estou viciada. Adoro, adoro, adoro. Os personagens não são forçados. Não há a piadola fácil ou previsível. As situações são as mais loucas, mas ao mesmo tempo perfeitamente normais. É tão bom que posso ficar horas seguidas a vê-la e a pensar: "Quem me dera ter escrito isto". Ora aí está um trabalho de sonho - escrever uma série de comédia. Aqui fica um appetizer para quem não conhece a série que ganhou o Emmy na categoria de comédia. Os meus personagens preferidos são o Cameron, a Gloria e o Manny.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cérebro telecomandado

Tenho um problema: dificuldade em controlar o meu cérebro. Aliás, gostava muito de ter um comando para o controlar. Assim podia programá-lo e desligar determinadas partes e activar outras que dão mais jeito. Passo a explicar a utilidade deste mecanismo que só seria controlado por mim. Por exemplo, quando estou cansada e não consigo dormir, bastava programar para desligar o sistema dali a meia hora. Pronto, assunto arrumado. Outro exemplo, preocupo-me demasiado com coisas que não são minhas. Preocupo-me até com o trabalho dos outros. Se vai ficar bem, se não falta nada. Não é com todos. Só com alguns que vejo aproximarem-se vertiginosamente do erro. Quero falar e falo. Opino. Dou o meu parecer. Sem ninguém me perguntar nada. Dou uma de abelhuda. Ponho-me a fazer o papel do chefe. A dizer qual é o melhor caminho. Tudo porque tenho um problema crónico: visto a camisola e não há nada a fazer. Em nome do grupo, lá vou eu. E chateia-me ver erros, falhanços que eram facilmente evitáveis. Ganho alguma coisa com isso? Ralações, stresses e a noção de que não é a minha função. O telecomando permitia-me pôr mute, cada vez que ia falar. Assunto resolvido.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O que é pior: estar constipado ou estar constipado no fim-de-semana e curado na segunda-feira?

Seguramente a segunda hipótese é a pior. Foi o que me aconteceu. Mas muito melhor que qualquer explicação sobre o enfado de estar constipado é o poema de Pessoa. Aqui fica:

Álvaro de Campos
Tenho uma grande constipação,


Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cenário improvável


Em plena cidade de Lisboa ver um pastor desesperado, a correr de mãos ao alto, porque o seu rebanho está a tresmalhar para a estrada é no mínimo um cenário inesperado e improvável. É certo que há um descampado por perto e que o rebanho não estava propriamente a passear na Av. de Roma. Ainda assim, ver o senhor a correr porque um raio de uma ovelhinha decidiu atravessar a passadeira é estranho. O condutor parou o carro, tentou desviar-se, e andava tão devagar que parecia mesmo surpreendido. Tinha acabado de sair de uma rotunda moderninha e estava à espera de tudo, menos daquilo. É Portugal no seu melhor. Um mix entre vanguarda e tradicionalismo, entre terceiro mundo e asfalto perfeito. Uma ode para o futuro: o pastor e sua rotunda arrelvada.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sobreviver a RPM

A sigla faz lembrar um instituto público tipo DGV. Mas na realidade é o mais próximo de uma experiência radical ou militar confinada entre as quatro paredes de um ginásio. Os níveis de adrenalina estão lá em cima e o companheirismo é o mesmo. Olhamos para o lado e a mensagem é: "Não desistas.Vamos conseguir".
Antes de mais, passo a explicar o que é isso de RPM. É uma grande invenção dos professores de ginástica, sempre na vanguarda da luta contra a celulite. Pois então, resolveram juntar o treino de um ciclista de alta competição em bicicletas presas ao chão, mas sem paisagem gira. Aqui a motivação aparece em forma de rabos esbeltos - aqueles que queremos conquistar - e os mais gordos - os que queremos combater. Ah, e não podemos esquecer a música de discoteca. Próximo parágrafo.
A motivação para entrar na sala é elevada. Começo a visualizar o extermínio final da celulite, a existência restrita a curvas necessárias e o fim da dúvida que mais aflige uma sra: "qual é o meu número de calças?" Quando a música começa, ainda me debato com a manipulação da bicicleta. Arranjar o selim e o guiador revela-se uma prova difícil. Depois de várias tentativas, enquanto o resto da turma já está mais que aquecida, a minha vizinha do lado sai disparada da sua bicicleta com cara de poucos amigos. Não me diz nem uma palavra e agarra-se ao "bicho" e põe-lo na ordem. O rosto dela transmitia a mensagem clara: "Minha grande burra. Estás a irritar-me cá de uma maneira..."
Fase 1 superada. Já estou em cima da bicicleta e a primeira coisa que faço é olhar para o relógio em cima da cabeça do professor. Penso: "Está tudo bem, já só faltam 40minutos". Quem é que eu quero enganar? O já só faltam é mais ainda faltam...
O que acontece a seguir resume-se numa frase: picos de adrenalina, com a noção que é desta que saio a meio da aula ou então que vou cair para o lado. Durante toda a aula não tiro os olhos do relógio. Sinto o coração aos pulos e aldrabo a coisa. "Ponham carga(traduzindo: mudanças mais pesadas)", grita o professor. A minha técnica é tocar ao de leve na mudança e fingir que está mais pesada. Ufa!+ Sorriso amarelo = professor convencido de que estou mesmo a esforçar-me.
Quando chego ao exercício 4 (sim, isto está dividido por números) acho impossível ficar até ao fim. Estou a transpirar em bica e a pensar: "porquê?". O melhor da aula é o final. Saio de lá com o pensamento: "sobrevivi a uma guerra e sai sem ferimentos". O banho quente é o prémio merecido.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

15 minutos de tolerância

Uma das tradições deste país é um acordo tácito desenvolvido há muitas décadas, talvez séculos. O contrato é simples: podemos chegar atrasados 10 a 15 minutos. Ninguém fala oficialmente sobre isto. Provavelmente vão jurar a pés juntos que tal acordo não existe. Mas é mentira. Marca-se um encontro, uma entrevista, e ninguém espera realmente que se chegue à hora certa. Quando isso acontece sentimos que se passa qualquer coisa no universo. Provavelmente os planetas desalinharam-se, ou algo assim. O mais curioso neste acordo é que acabamos por chegar à mesma hora. Ou seja, alinhados no mesmo atraso. Verdade? O problema é quando nos adiantamos e chegamos a horas... Nem tudo é perfeito.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Os filmes devem ter um final, certo?


Andam por aí uns realizadores que acham que não terminar um filme é um grande rasgo de criatividade. Nem anunciam se é uma trilogia ou algo assim. Nada disso. Não há parte I a seguir ao título e nos jornais ninguém avisa que vai haver continuação. Só descobrimos esse detalhe quando estamos no meio da acção e... pimba. Acabou. Volte daqui a um ano. Muito engraçado, sim senhor.

P.S. - É o caso de "Salt". A Angelina sai-nos disparada de um helicóptero e pronto. Temos de esperar um ano para saber o que vai acontecer. Que coisa mais gira. :P

domingo, 22 de agosto de 2010

"Está a ficar fresquinho. É melhor vestires um casaco"

São 19horas de um dia de Agosto. Estou sentada numa cadeira à porta de casa cercada por árvores. De repente, sem nada me preparar, nem uma aragem fresca ou uma ligeira descida de temperatura, surge a voz: "Está a ficar fresquinho. É melhor vestires um casaco". Há uns anos tal comentário seria o suficiente para me fazer saltar a tampa e logo a seguir sair-me com uma tirada insensível, ao melhor estilo de adolescente revoltada sem razão. Desta vez, não.
Senti umas saudades ao ouvir aquela frase. A voz da mãe e o diminutivo "fresquinho", para não parecer demasiado exagerada (característica fundamental numa progenitora) fizeram-me sentir um saudosismo. Realmente não há ninguém como a mãe. É um ser que não descansa e o que nos vai avisar sempre de tudo. De que está frio, mesmo que o sol brilhe lá fora. De que temos fome, apesar de não sabermos. De que temos de pôr o chapéu, mesmo tendo o cabelo molhado. De que temos de dormir, porque no dia seguinte não vamos conseguir levantar-nos da cama. De que aquele amigo não é assim tão fixe.
Ainda é cedo para ser nostálgica, é certo, mas nesse momento tive uma mini epifania. Nunca voltarei à infância. Ela nunca mais me vai vestir um casaquinho. Nunca mais me vai atar os sapatos. Nunca mais me vai pegar ao colo e fazer com que me sinta altíssima (já sou mais alta do que ela). Nem nunca mais vai inventar histórias para me fazer comer e muito menos levantar-se da cama a meio da noite para trazer uma copo de água à criança mimada que grita do quarto: "Tenho sede". Passou. Mesmo assim, terei sempre aquela voz a repetir-me que está frio e que tenho de comer mais. Mesmo que seja só de vez em quando.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A melhor maneira de lidar com o final das férias é...

...prolongar as férias até ao último minuto e adiar o doloroso regresso. Resulta? De 1 a 10, digamos 7. Não está mau. Tudo o que torne o regresso suportável é bem-vindo. Utilizei uma técnica muito simples. Sair do local de férias na manhã em que se trabalha. É uma estratégia antiga. O domingo deixa de parecer um dia inútil e que aproveitamos tudo, tudo. Mas nada nos prepara para as toneladas de e-mails e para o constante: "viste?", "leste'". Nãoooo. Estive de férias e como tal desliguei-me do mundo. Num dia temos de perceber tudo o que aconteceu e vai acontecer. Apanhar o comboio e retomar tudo o que deixamos. Onde ficou a praia? O sol e a água salgada?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dias esquizofrénicos

Há dias que é preciso uma bússola para sobreviver. Esses dias parecem não ter fim e são uma esquizofrenia de emoções. Tanto se está bem, com uma energia imparável, ou se tem está prestes a adormecer. Dizem-se as maiores parvoíces. As piadas mais secas e estúpidas. O cansaço bate e parece que o filtro entre o cérebro e a boca desaparece. Entra-se numa espiral de pensamentos loucos, soltos, desgarrados e parvoíces sem fim. De repente, sinto-me na sala de aula numa sexta-feira à tarde. Naquela fase em que os putos estão tão cansados e fartos da escola que só fazem porcaria. Gritam, esperneiam, chamam nomes, dizem coisas parvas. Mal podem esperar pelo fim-de-semana. Enfim. Eventualmente, o fim-de-semana chega e a esquizofrenia acaba. Uffa!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Reabilitar telefonia

Domingo à tarde. Sol forte a entorpecer o cérebro. Calor que deixa qualquer um catatónico. Até os pássaros voam mais devagarinho. É este o cenário. Depois de uma viagem de carro chego a casa e dedico-me a uma actividade antiquada. Ligo o rádio e fico a ouvir sentada no sofá. Não há televisão acesa, nem gadgets ligados. Até se ouvem os estalinhos da rádio. Tinha começado a ouvir o programa de entrevistas da Inês Meneses, na Radar, e decidi continuá-lo em casa. De repente apercebi-me da tranquilidade daquela actividade e fiquei com vontade de ouvir uma telenovela inteira na telefonia. Nunca ouvi uma história no rádio. Deve ser viciante. Tens de parar e ficar atento. A imaginação voa. Tens mais liberdade. Crias o teu mundo. Não tens a televisão a fazer-te o favor de imaginar por ti. Manifesto do dia: ouvir mais rádio em casa e reabilitar as histórias de telefonia.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Puxaram-me o tapete



É um Hitchcock do século XXI, com GPS e telemóveis. Mas com a mesma riqueza nos detalhes. Há cenas magistrais, jogos de sombras e luzes riquíssimos e momentos de suspense que causam arrepios e calafrios. Um luz apagada, uns cortinados abertos e uma rua deserta podem ser assustadores. "O Escritor Fantasma", de Roman Polanski, é um murro no estômago, um despertar dos sentidos e um triller viciante. É o tipo de filme em que sentimos que nos puxaram o tapete. No bom sentido. O episódio do GPS e a última cena do papelinho, que anda de mão em mão, são a razão que nos leva ao cinema. Obrigada Sr. Polanski.

Arrancar em primeira

É mais difícil que acabar e ultrapassar o marasmo desértico do "middle". Saber que pela frente temos um trabalho hercúleo, uma tarefa sobre-humana e não podemos falhar. Arrancar a primeira é tramado. Arranja-se mil e uma tarefas para fazer antes, coisas que nos parecem, sem sombra de dúvida, muito importantes e essenciais. "Preciso mesmo de ouvir esta música até ao fim" ou "Agora é o melhor momento para tirar esta fotocópia". Tudo serve. Tudo é muito mais importante. Mas não é. É só uma estratégia bastante básica, diria mesmo rudimentar, de protelar a tarefa. Até adio o almoço, só porque sim. Aqui me confesso e avanço corajosamente para... o almoço. Mas depois, ah depois, vou começar. Pronto. Está dito e prometido.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A simplicidade complicada


Gostar de coisas simples parece um luxo, um pensamento elaborado de narrativa complexa e filosófica. Mas não é. Ter mais prazer a dar um simples passeio na rua de mão dada do que a assistir a uma megaprodução de teatro ou a disfrutar de um jantar de gourmet é palpável, é real. Vale a pena celebrar as coisas simples e dar-lhes o devido valor. Passear a pé na minha rua e encontrar um miradouro de Lisboa. Sentar-me numa esplanada, olhar a paisagem, beber um café e conversar sobre os temas mais banais do mundo é mais revigorante que muitas sessões de spa. Tenho dito.

domingo, 18 de julho de 2010

Ideias soltas num domingo soalheiro


Sem ordem nem organização, aqui vai.

- Quero adoptar o Gilberto Gil como terceiro avô (sr. na imagem em frente ao microfone). Tive o privilégio de o ver a uns metros de mim a ensaiar e a conversar sem público por perto. Conclusão: é o mais fofinho. Simples, simpático e doce. De cabelo grisalho, aquele sotaque quente e a mesmíssima voz dos discos. Preocupado com os outros, uma pessoa normal, sem tiques de estrela, com um olhar muito terno. Cruzei-me com ele no elevador. Apanhada de surpresa só consegui dizer "Olá". Ele respondeu de volta: "Olá". :)

- Estou a ouvir em repeat Kings of Convenience. Adoro!

- Andar de avião é muito bom, mas a turbulência é uma das piores coisas de sempre. A sensação de cair no vazio é terrível. Depois de sobreviver a uns quantos minutos (mais pareciam horas) de abanões e solavancos, o barulho mais assustador é o desembrulhar dos saquinhos de papel. É a antecipação do terror. Começa-se a ouvir aquilo e a pensar: "Não! Ohhh, por favor, não. Não vomitem." Vomitaram... Tive de me aguentar estoicamente. A transpirar, com o estômago na boca. Missão cumprida. Sobrevive e não vomitei.

- Quando for velhinha gostava de viver num terra como Gent, na Bélgica. Porquê? Porque as pessoas têm tempo. Andam de bicicleta, saem do trabalho cedo, as lojas fecham às 18horas e depois há esplanadas, restaurantes e concertos à noite. Único problema: o clima não é grande coisa.

- Viajar nunca é demais. Sempre que venho de viagem, mais ou menos cansada, gosto de entrar em casa e ver as minhas coisas. Fico é sempre com vontade de voltar a partir.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Treinar a imaginação

À conversa com um escritor argentino redescobri a imaginação. Agora encaro-a como um músculo, mais resistente que os meus, é certo, e bem tonificado. Ele dizia-me: "A imaginação treina-se. Quem é que tem mais imaginação? As crianças. Porquê? Porque passam os dias a brincar, a inventar e a imaginar. Ou seja, a treiná-la. Quando nos tornamos adultos isso pára." Aqui está uma ideia simples para aplicar no fim-de-semana: imaginar. Contrair o avanço da idade, porque não há melhor remédio para a vida do que imaginar reinos fantásticos, aventuras e histórias. Vamos então a isso.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

É só um vestido senhores!

Um vestido pode parecer uma coisa simples. É uma peça de roupa ideal para um Verão de 30 e tal graus. Vim a descobrir que não é bem assim. Pelo menos, não é assim com todos os vestidos. Começo por explicar que os meus vestidos não costumam ser curtos. Acho que só me apercebo do seu comprimento pela reacção dos outros. Hoje foi um desses dias. Logo de manhã, vi os pescoços das senhoras a contorcerem-se para olhar para mim de soslaio. O pensamento devia ser: "Quem é que esta pensa que é?". Eram umas intelectuais do mundo jornaleiro a que pertenço que adoram calças, blusas compridas e coisas indie e alternativas. Na realidade, elas estão convencidas que a inteligência dos outros se mede pelo aspecto. E ao que parecer ser sexy é sinónimo de falta de intelecto. Se essa reacção me irritou, a dos homens não foi melhor. Lanço a questão: por que raio é que acham que têm o direito de olhar para uma pessoa como se ela estivesse sem roupa ou como se fosse a última coca-cola do deserto? Podem olhar, já que isto se trata de uma democracia, mas disfarcem. É o mínimo. Não estou para aqui armada em convencida. Queria apenas usar o meu vestido sem me sentir observada e sem estar sempre a pensar: "Está rasgado?", "Sujei-me?". Catano, é só um vestido curto, um bocadinho acima do joelho. Não é um escândalo. É um vestido. Está calor! É normal! E como dizia uma amiga: "menos! muito menos!"

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Hospitalidade no cimo do monte

Não é uma história nova, mas precisa de ser contada. Depois de fazer uma caminhada nocturna numa serra deste país, vim a descobrir que o passeio incluía uma emoção extra. No fim de um percurso de quase cinco horas, eis se não quando o guia se vira para nós e nos avisa que vamos entrar numa propriedade privada. Como se não bastasse, até nos cruzarmos com os donos e começarmos a interagir, tínhamos de subir um monte enorme. Para aí uns dez minutos em propriedade alheia, uma espécie de alvo em movimento. Quando chegámos ao cimo do monte somos recebidos com copos de vinho, bolo de noz e talhadas de melão. Não há nada como a hospitalidade tuga! É certo que os donos do terreno estavam a dar uma festa de aniversário e àquela hora só as crianças não estavam com os copos. Mas adiante. Foi um momento bonito. Depois de uma caminhada, um copo de vinho verde e uma fatia de bolo é a melhor recompensa de sempre. Um grande obrigado ao sr. Vitoriano! :)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A sabedoria de Homer Simpson

Homer Simpson não é apenas um pai de família, que gosta de cerveja e devora televisão, é também um filósofo. Outro dia vi o episódio em que Flanders se passa da marmita e tem um ataque de raiva (anos de repressão interna e mania que é bonzinho. Mas na realidade a culpa é dos pais freaks hippies que não lhe impunham regras e que o meteram no psiquiatra onde Flanders descobriu as regras da religião). Flanders está internado e Homer tem esta tirada brilhante:
"Tens medo de ser humano, porque os humanos fazem coisas nojentas, porcas e são capazes de odiar. Odeiam nem que seja uma picada de mosquito." Ora aí está um belo pensamento. Sofro um bocado com a ideia de que não devo odiar coisas, dizer mal e afins. É claro que em doses moderadas o belo do ódio, do não gostar, não faz mal. Aliás, não gostar é tão importante como gostar. É aquilo que nos define. Aqui vai a minha lista de ódios de estimação:
- pombos (bicho estúpido, cheio de doenças, piolhos e faz voos rasantes à cabeça das pessoas)
- chuva e céu nublado (deprimente)
- vento forte (chateia ponto)
- frio (desagradável)
- engarrafamentos (stress, stress, stress)
- não ficar bronzeada logo no primeiro dia que vou à praia (irritante)
- condutores que não fazem pisca e andam na faixa da esquerda a 2 à hora (RRRRRRrrrrrr)
- condutores que me roubam o lugar de estacionamento (pena capital)
- condutores que travam assim que cai o amarelo e eu fico presa no semáforo (cá burros!)
- multas da emel (não merecem nada)
- comida sem sal (seca)
- cheiro de legumes cozidos (nojo)
- pessoas que se esticam à grande, que se impõe na vida dos outros e não tem noção (que nervos!)
- pessoas que se armam em vítimas (não há paciência)
- pessoas convencidas que são as maiores do mundo (irritante)
- pessoas que são mal criadas e não dizem "bom dia" e "obrigado" (rrrrrr)

Há mais, mas fica para a próxima.





domingo, 27 de junho de 2010

Indignem-se! Ou então não.

Compromisso de honra: não ultrapassar um parágrafo para evitar irritações. Aqui vai a tentativa. Gosto daquelas pessoas que se indignam com tudo e têm sempre uma opinião negativa sobre o assunto mais consensual do mundo do tipo: "quando o sol brilha está um belo dia". Faz bem à massa cinzenta ser desafiada por opiniões contraditórias. No fundo, essas pessoas cumprem a sua função, quase como se fosse uma espécie de equilíbrio dos mundos (uma tanga fica sempre bem). Mas lanço o desafio: por que será que Vasco Pulido Valente se zanga com tudo? Parece não gostar de nada e indigna-se muito. A vítima de hoje no "Público" é o José Saramago. Não vou defender se era bom ou mau escritor, se era o melhor a seguir a Camões e a Pessoa, mas há um facto consensual: a importância do prémio Nobel. Vasco Pulido Valente discorda: "O prémio Nobel não garante a importância literária de ninguém. Basta ver a longa lista de mediocridades que o receberam." Mas há mais: "Que Saramago fosse o único escritor de língua portuguesa a receber essa mais do que duvidosa distinção não o acrescenta em nada, nem acrescenta nada à língua portuguesa." "Por mais que se diga, e até que se berre, Saramago não era uma glória nacional indiscutida e universalmente venerada."
Bolas! Não consegui ficar-me por apenas um parágrafo. Fiquei irritada com o que senhor escreveu e só me apetece dizer: "Raios partam! Vai passear, ser feliz e deixar de parecer ressabiado." (P.S.: como escrevi "só me apetece dizer", significa que não disse. Para evitar confusões. LOL)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pensamento do dia




Este ilustrador de Barcelona é para visitar todos os dias em http://stuffnoonetoldme.blogspot.com/ . Faz bem à saúde.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cigarros
















Faz mal, a maior parte das vezes sabe mal e não se pode ver na televisão nem no cinema. Quem adivinha? Vale um queijinho no trivial! (ok, pronto. Não vale.) Falamos de tabaco. Hoje em dia quando aparece alguém a fumar - em películas pós anos 90 - é garantidamente o vilão. Mas se há coisa que continua a ter um ar sensual são pessoas a fumar. Depende da pessoa, claro, e até da forma como fuma, é certo. Porém, o elenco de "Mad Men" e Bogart são óptimos exemplos. Não quero fazer uma apologia do tabagismo, longe disso, é apenas e somente uma constatação. A publicidade a cigarros acompanhava em justa medida o ar misterioso, glamouroso ou mesmo divertido do hábito humano de meter fumo para dentro da boca e soprar. Vá-se lá saber como é que isto começou. (Ainda tenho de investigar.) Mas aqui ficam exemplos de publicidade cómica e trágica a cigarros, ao mesmo tempo bem catita, e com um toque de glamour. (diziam que fazia bem, era bom para a garganta, os médicos adoravam e que era um belo presente.)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Os sapatos foram feitos para andar?


Desafio para as senhoras. Compramos sapatos porque é chato andar descalço e descobrimos há uns séculos que faz mal à saúde. Golpes, pouca velocidade e cenas desconfortáveis. Tudo o que não interessa. Andar descalço tornou-se uma coisa de fim-de-semana, praia e para fazer em casa. (exlcuindo, claro, quem não tem mesmo sapatos. Mas isso é um tema para outro post. Adiante.)
Retomando a história da humanidade, resolvemos enrolar uns trapos aos pés, de preferência de pele para ser mais resistente. O conceito "sapato" foi evoluindo de tal forma que a sua função primordial - andar de forma mais segura e confortável sem nos magoarmos - tornou-se secundária. Vejamos os belos sapatos de saltos altos, sandálias de cunha e afins. Não servem propriamente para serem confortáveis ou facilitarem o andar. E não me venham com histórias tipo: "saltos altos? não custa nada. ando muito bem", "são super confortáveis". Mentiras. Nas primeiras horas podem dizer isso, mas se subirem uma rua de calçada portuguesa ao final de um dia de trabalho vão ver que é uma tarefa quase impossível.

Confesso que cada vez gosto mais de sapatos de saltos altos, principalmente de sandálias, mas nesses dias sinto-me uma pessoa de mobilidade reduzida. Tenho de os levar quando sei que não vou andar muito. Se tenho alguma caminhada pela frente, toca a trocá-los. Bizarro?
Acho que existe uma correlação entre mobilidade e idade. Quanto mais velha, menos mobilidade. E não é nenhum problema físico. A culpa é dos saltos altos. Como me diziam ontem: "saltos altos fazem bem ao ego". Será?

domingo, 20 de junho de 2010

Casablanca - As Time Goes By



In Casablanca mood

Os clássicos têm destas coisas. Uma pessoa nunca os viu, mas mesmo assim conhece as frases intemporais. "We'll always have Paris" é uma das mais marcantes da história do cinema. Só ontem ouvi Bogart a dizê-lo a Ingrid Bergman. Adorei a história, a banda sonora, tudo. "Casablanca" é um banquete visual. Se fosse a cores não tinha tanta piada. O glamour está nas roupas, na maneira como falam e andam, mas principalmente nos contrastes de luzes, nas sombras, nos cenários, no glamouroso fumo de cigarro. A qualidade da fotografia é impressionante. "Casablanca" é para ver num domingo, de luzes apagadas. E sim, é permitido chorar no fim.

A ouvir em repeat: "Teach me tiger - April Stevens"

Ora aqui está uma música que não me sai da cabeça. Simples, doce e sexy.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O verbo apetecer


Nunca me vou esquecer da frase de António Tabucchi: "Tem de me apetecer escrever como me apetecem pastéis de nata". O apetecer pastéis de nata é um sentimento tão simples e tão fácil de compreender. É uma vontade infantil, sem filtro. Um simples apetece-me. E pode nos apetecer tudo, sem compromissos ou responsabilidades. É apetecer e fazer. (com algumas restriçõs para não nos tornarmos nuns mimados) Depois crescemos e o apetece-me começa a ser mais difícil. Custa dizer o que apetece e realizar a simples vontade também se torna um processo complicado. Ao apetece-me vem sempre qualquer coisa. Apetece-me, mas não posso sair. Apetece-me, mas tenho de acordar cedo. Apetece-me, mas isto engorda. Pois bem, faço aqui um brinde ao apetece-me de Tabucchi e presto uma homenagem. Apetecia-me escrever como me apetecia um pastel de belém com canela. Já está. E amanhã vou esforçar-me por dedicar o dia a fazer simplesmente o que me apetecer.

Projectos aos molhos

"Tenho um projecto" é o mesmo que dizer: "tenho uma ideia genial que vai ter imenso sucesso, vou viver aventuras e ter histórias para contar". Pelo menos é isso que a minha cabeça descodifica sempre que oiço alguém falar dos seus projectos. São sempre coisas interessantes, únicas, diferentes, sem o fantasma "patrão". É tipo: "vou partir à descoberta, saquear povos e regressar à terra como um vencedor, rico de ideias novas" (tradução - descobrimentos portugueses). Fico com vontade de atirar tudo para o ar, agarrar na minha pessoa e na outra metade, e arrancar. Não quer dizer que vá correr o mundo de mochila às costas, converter-me ao budismo ou dedicar-me à agricultura biológica. Apenas arriscar num projecto meu. Falta é o rastilho. A ideia. A luz. O que é a afinal um projecto? Literalmente é "o que planeamos fazer", é uma "empresa" ou um "desígnio". Pois bem. Se há coisa que não me falta são planos e desígnios. Empresas é mais difícil. Vou ponderar nisso. Depois mando notícias.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Teorias da conspiração, vuvuzelas e ketchup


Ter um blogue e não falar de teorias da conspiração é lamentável. Por isso, aqui vai a minha primeira e singela contribuição.


Primeira teoria da conspiração - A Galp tem vergonha das vuvuzelas e não vai voltar a oferecê-las.

Corre por aí que as vuvuzelas estão esgotadas. Os clientes do BPP anunciaram que as iam utilizar na manifestação desta semana, mas só conseguiram arranjar duas. (Resultado: pouco impacto mediático e pena generalizada) Parece que andou tudo louco a trocar papelinhos na Galp por instrumentos do terror e o stock acabou. Tenho outra teoria, agora que o Mundial começou, a Galp percebeu que o impacto da invenção africana era muito parecido ao derrame de petróleo da BP. Os senhores das bombas já sabem o que dizer: "esgotou".

Segunda teoria da conspiração - Vuvuzela é a arma secreta para a África do Sul ganhar o Mundial. A vuvuzela é um espécie de enxame de abelhas enfurecido capaz de acabar com a humanidade. Os africanos sabiam disto e resolveram usar a porra da vuvuzela como "mascote", ou melhor, arma secreta. Arruínam a paciência dos jogadores e a moral dos apoiantes. Não há quem aguente tamanho martírio. Cristiano Ronaldo fez saber que se sente incomodado com o barulho infernal. Depois de se sair com a frase: "os golos são como o ketchup, quando aparecem vêm todos de uma vez" - pura literatura - percebemos que ketchup e vuvuzela não se dão. A selecção não se portou bem ontem porque a malta da Costa do Marfim aguenta bem uma "vuvuzelada" e nós não! Vuvuzela é o melhor bode espiatório do Mundial! Valhas-nos isso!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A grande pergunta numa manhã de segunda-feira!

Segunda-feira de manhã. Sono e mau humor. Mesmo depois de beber café, continuo a achar que sair da cama e ir trabalhar é a maior injustiça no mundo. Ainda por cima o sol finalmente fez o favor de brilhar e não o vou aproveitar.

Cheguei ao carro e fui surpreendida por um irritante papelinho no pára-brisas. Mais uma razão para achar que a vida é difícil (O drama!). Contrariei a preguiça e decidi retirá-lo. O destino do papelinho seria morrer tostado ou ensopado no vidro da frente. Salvei-o. Quando agarro no dito, penso que vou encontrar uma publicidade a um restaurante indiano ou algo do género e sou surpreendida pela pergunta: "Por que temos de morrer?". É a pergunta! A par de "Deus existe?" (questão que já resolvi na minha cabeça). O "temos de morrer" é que é um tema chato. Por que raio é que isto tem de acabar? Bastava espalhar a humanidade por satélites, planetas, estrelas e pronto. (pensamento idiota, certo? Não, não tenho 5 anos, mas era bom que assim fosse. Depois, haveria o problema de: "O que fazer aos maus?" Tema para outra conversa. Voltemos à idade adulta.)


Folheio a brochura e eis que me deparo com a resposta: morremos porque a culpa é nossa. Ora bolas! Aqui vai a citação: "A morte é consequência do pecado. Deus não criou o homem para que este viesse a morrer". (Ahhh! Isso faz sentido!?) "O pecado de Adão, o primeiro ser humano foi transmitido a toda a sua descendência." Bolas! A explicação espalhada pelos pára-brisas dos carros tem a assinatura da Assembleia de Deus Pentecostal. O Adão estragou tudo. E a minha segunda-feira não melhorou!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Inspired by Iceland Video

Afinal a Islândia é fixe!

A explicação do belo vídeo
A Islândia apareceu no nosso vocabulário quando o seu vulcão, o Joe, (a melhor solução de sempre para evitar erros no nome da coisa, cortesia do sr. Jon Steward do Daily Show) estragou as férias dos europeus. De repente percebemos que aquilo não era só gelo e que além da Bjork havia por lá muita gente e até cães. Depois de ter sido amaldiçoada em todas as línguas, a Islândia (é mais fácil dar-lhe estatuto de pesssoa, facilita a atribuição de adjectivos e afins) resolveu redimir-se e dizer que também gosta de turismo e é um sítio fixe!
Fica o desafio: bora pr'a Islândia?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O segredo dos seus olhos

Não é propriamente o título mais original do mundo e à primeira vista parece lamechas. Tony Carreira de certeza que tem uma música sobre "os segredos dos teus olhos" e aposto que o Marco Paulo também. Mas o filme "O segredo dos seus olhos" (El secreto de sus ojos - título original) é um dos melhores filmes de 2009. O realizador argentino Juan José Campanella levou para casa o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e merece tê-lo na estante da sala. Tudo começa como um policial, pelo meio encontramos momentos de comédia de arrancar gargalhadas, e quando, damos por ela, estamos enredados numa complicada história de amor. É o tipo de romance: "eu quero. Mas acho que tu não queres, por isso nem vou tentar e caso-me com o outro." O final é surpreendente. Ouvir o castelhano da argentina dá um"salero" extra ao filme.

P.S. - como segunda entrada no blogue tentei pôr um vídeo, mas como boa novata não consegui. Talvez para a próxima...



A Fuga dos Pandas


Cria-se um blogue para fugir. Não se sabe muito bem do quê, mas pelo menos é para fugir de onde se está nesse preciso momento. Queremos viajar nas nossas ideias, nas histórias que vivemos ou queremos viver. Há ainda os locais por explorar e descobrir. Queremos partilhar "estórias" e pensamentos. Um diário a céu aberto. Atirado para quem o apanhar. Pois bem, ciberespaço apanha!

No dia de Portugal encontro-me a contribuir para a produtividade dos país (pelo menos é o que os meus amigos dizem), traduzindo, a trabalhar. Sem vontade nenhuma, com chuva a cair lá fora e provar que o clima já não é o que era. Não consigo deixar de pensar nas mil uma coisas que podia estar a fazer se não estivesse a trabalhar. (Se bem que neste momento não é propriamente trabalho, adiante) Por isso resolvi inventar "A Fuga dos Pandas" porque é isso que quero fazer: fugir daqui.