quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Descobrir um nicho de mercado ou como na Costa Rica até os crocodilos são pacíficos




Como tudo começou não sei. Sei apenas que este senhor tem a solução para os problemas económicos dos portugueses: descobrir um nicho de mercado. Quem é que pode tomar banho com um crocodilo e pegá-lo ao colo sem ser comido? Só o nosso amigo Chito. Diz que há 20 anos que os turistas vão lá para vê-lo. À conta desta amizade estranha Chito nunca mais teve de trabalhar. Vou ver se encontro um animal estranho para mim. :) No estado em que se encontra a Tugolândia, temos de nos virar para nichos e bichos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Irrita-me profundamente...

...pessoas que acham que um pisca é o equivalente a encostarem-se à faixa onde estou. É tipo: "Ah, e tal. Não estou a fazer pisca, mas estás a perceber que quero ir para aí, não é? Basta aproximar-me, assim devagarinho como quem não quer nada e... Pimba. Tu deixas-me passar, não deixas? Eu até nem estou a incomodar e isto é tudo tão devagarinho. Vá lá. Dá tanto trabalho fazer pisca. O comando nem está aqui ao lado do volante e estou neste momento a falar ao telemóvel e a mudar a estação de rádio." Raios! Não, não é. E não te vou deixar meter simplesmente porque estás a fazer de conta que eu nem existo e que mudar de faixa sem pisca é uma cena natural. Caramba. Faz o pisca! Não dói!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ninguém disse que os bonecos tinham de crescer


Quem é que achou que pôr os bonecos a crescer era fixe? Não, a sério, gostava de saber. É que como se não bastasse a Mónica da BD do Maurício se ter armado em adolescente boazona, ao estilo Morangos com Açúcar, cruzei outro dia com um ser que nem sequer reconheci. A nova barriguita é a pior invenção de sempre. Descobri-a num supermercado no meio dos outros brinquedos cor-de-rosa. Fui atraída como uma criança para umas bonequinhas que faziam lembrar a barriguita. Os tais bebés de barriga gordinha, com umas fraldas muito fofas, e uma panóplia de adereços, foram meus amigos na infância. Até aceitava que fossem bebés médicos, bebés que iam à praia sozinhos. Uma criança lida bem com essas incongruências. Agora, bebés grávidos é que não! É certo, que provavelmente aquilo que vi era uma barriguita adolescente, mas fiquei em estado de choque. Era mais um ícone da minha infância transfigurado. Não me saiu da cabeça o raio barriguita. Nos anos 80 usava fraldinha, agora a própria da barriguita tem um bebé na barriga. Já não é gordinha por ser bebé. Entendem? Isso não se faz. Tudo pode mudar no mundo, os nossos ídolos de infância (neste caso bonecos) é que não!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Obrigada "Modern Family"

Há muito tempo que não ria às gargalhadas com uma série de televisão. Quando digo às gargalhadas não estou a exagerar. É mesmo à gargalhada, com direito a dor de barriga e falta de ar. Posso estar sozinha na sala e não consigo parar de rir. Tudo graças à série "Modern Family". Estou viciada. Adoro, adoro, adoro. Os personagens não são forçados. Não há a piadola fácil ou previsível. As situações são as mais loucas, mas ao mesmo tempo perfeitamente normais. É tão bom que posso ficar horas seguidas a vê-la e a pensar: "Quem me dera ter escrito isto". Ora aí está um trabalho de sonho - escrever uma série de comédia. Aqui fica um appetizer para quem não conhece a série que ganhou o Emmy na categoria de comédia. Os meus personagens preferidos são o Cameron, a Gloria e o Manny.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cérebro telecomandado

Tenho um problema: dificuldade em controlar o meu cérebro. Aliás, gostava muito de ter um comando para o controlar. Assim podia programá-lo e desligar determinadas partes e activar outras que dão mais jeito. Passo a explicar a utilidade deste mecanismo que só seria controlado por mim. Por exemplo, quando estou cansada e não consigo dormir, bastava programar para desligar o sistema dali a meia hora. Pronto, assunto arrumado. Outro exemplo, preocupo-me demasiado com coisas que não são minhas. Preocupo-me até com o trabalho dos outros. Se vai ficar bem, se não falta nada. Não é com todos. Só com alguns que vejo aproximarem-se vertiginosamente do erro. Quero falar e falo. Opino. Dou o meu parecer. Sem ninguém me perguntar nada. Dou uma de abelhuda. Ponho-me a fazer o papel do chefe. A dizer qual é o melhor caminho. Tudo porque tenho um problema crónico: visto a camisola e não há nada a fazer. Em nome do grupo, lá vou eu. E chateia-me ver erros, falhanços que eram facilmente evitáveis. Ganho alguma coisa com isso? Ralações, stresses e a noção de que não é a minha função. O telecomando permitia-me pôr mute, cada vez que ia falar. Assunto resolvido.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O que é pior: estar constipado ou estar constipado no fim-de-semana e curado na segunda-feira?

Seguramente a segunda hipótese é a pior. Foi o que me aconteceu. Mas muito melhor que qualquer explicação sobre o enfado de estar constipado é o poema de Pessoa. Aqui fica:

Álvaro de Campos
Tenho uma grande constipação,


Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cenário improvável


Em plena cidade de Lisboa ver um pastor desesperado, a correr de mãos ao alto, porque o seu rebanho está a tresmalhar para a estrada é no mínimo um cenário inesperado e improvável. É certo que há um descampado por perto e que o rebanho não estava propriamente a passear na Av. de Roma. Ainda assim, ver o senhor a correr porque um raio de uma ovelhinha decidiu atravessar a passadeira é estranho. O condutor parou o carro, tentou desviar-se, e andava tão devagar que parecia mesmo surpreendido. Tinha acabado de sair de uma rotunda moderninha e estava à espera de tudo, menos daquilo. É Portugal no seu melhor. Um mix entre vanguarda e tradicionalismo, entre terceiro mundo e asfalto perfeito. Uma ode para o futuro: o pastor e sua rotunda arrelvada.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sobreviver a RPM

A sigla faz lembrar um instituto público tipo DGV. Mas na realidade é o mais próximo de uma experiência radical ou militar confinada entre as quatro paredes de um ginásio. Os níveis de adrenalina estão lá em cima e o companheirismo é o mesmo. Olhamos para o lado e a mensagem é: "Não desistas.Vamos conseguir".
Antes de mais, passo a explicar o que é isso de RPM. É uma grande invenção dos professores de ginástica, sempre na vanguarda da luta contra a celulite. Pois então, resolveram juntar o treino de um ciclista de alta competição em bicicletas presas ao chão, mas sem paisagem gira. Aqui a motivação aparece em forma de rabos esbeltos - aqueles que queremos conquistar - e os mais gordos - os que queremos combater. Ah, e não podemos esquecer a música de discoteca. Próximo parágrafo.
A motivação para entrar na sala é elevada. Começo a visualizar o extermínio final da celulite, a existência restrita a curvas necessárias e o fim da dúvida que mais aflige uma sra: "qual é o meu número de calças?" Quando a música começa, ainda me debato com a manipulação da bicicleta. Arranjar o selim e o guiador revela-se uma prova difícil. Depois de várias tentativas, enquanto o resto da turma já está mais que aquecida, a minha vizinha do lado sai disparada da sua bicicleta com cara de poucos amigos. Não me diz nem uma palavra e agarra-se ao "bicho" e põe-lo na ordem. O rosto dela transmitia a mensagem clara: "Minha grande burra. Estás a irritar-me cá de uma maneira..."
Fase 1 superada. Já estou em cima da bicicleta e a primeira coisa que faço é olhar para o relógio em cima da cabeça do professor. Penso: "Está tudo bem, já só faltam 40minutos". Quem é que eu quero enganar? O já só faltam é mais ainda faltam...
O que acontece a seguir resume-se numa frase: picos de adrenalina, com a noção que é desta que saio a meio da aula ou então que vou cair para o lado. Durante toda a aula não tiro os olhos do relógio. Sinto o coração aos pulos e aldrabo a coisa. "Ponham carga(traduzindo: mudanças mais pesadas)", grita o professor. A minha técnica é tocar ao de leve na mudança e fingir que está mais pesada. Ufa!+ Sorriso amarelo = professor convencido de que estou mesmo a esforçar-me.
Quando chego ao exercício 4 (sim, isto está dividido por números) acho impossível ficar até ao fim. Estou a transpirar em bica e a pensar: "porquê?". O melhor da aula é o final. Saio de lá com o pensamento: "sobrevivi a uma guerra e sai sem ferimentos". O banho quente é o prémio merecido.