quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Cérebro telecomandado
Tenho um problema: dificuldade em controlar o meu cérebro. Aliás, gostava muito de ter um comando para o controlar. Assim podia programá-lo e desligar determinadas partes e activar outras que dão mais jeito. Passo a explicar a utilidade deste mecanismo que só seria controlado por mim. Por exemplo, quando estou cansada e não consigo dormir, bastava programar para desligar o sistema dali a meia hora. Pronto, assunto arrumado. Outro exemplo, preocupo-me demasiado com coisas que não são minhas. Preocupo-me até com o trabalho dos outros. Se vai ficar bem, se não falta nada. Não é com todos. Só com alguns que vejo aproximarem-se vertiginosamente do erro. Quero falar e falo. Opino. Dou o meu parecer. Sem ninguém me perguntar nada. Dou uma de abelhuda. Ponho-me a fazer o papel do chefe. A dizer qual é o melhor caminho. Tudo porque tenho um problema crónico: visto a camisola e não há nada a fazer. Em nome do grupo, lá vou eu. E chateia-me ver erros, falhanços que eram facilmente evitáveis. Ganho alguma coisa com isso? Ralações, stresses e a noção de que não é a minha função. O telecomando permitia-me pôr mute, cada vez que ia falar. Assunto resolvido.
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