quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sobreviver a RPM

A sigla faz lembrar um instituto público tipo DGV. Mas na realidade é o mais próximo de uma experiência radical ou militar confinada entre as quatro paredes de um ginásio. Os níveis de adrenalina estão lá em cima e o companheirismo é o mesmo. Olhamos para o lado e a mensagem é: "Não desistas.Vamos conseguir".
Antes de mais, passo a explicar o que é isso de RPM. É uma grande invenção dos professores de ginástica, sempre na vanguarda da luta contra a celulite. Pois então, resolveram juntar o treino de um ciclista de alta competição em bicicletas presas ao chão, mas sem paisagem gira. Aqui a motivação aparece em forma de rabos esbeltos - aqueles que queremos conquistar - e os mais gordos - os que queremos combater. Ah, e não podemos esquecer a música de discoteca. Próximo parágrafo.
A motivação para entrar na sala é elevada. Começo a visualizar o extermínio final da celulite, a existência restrita a curvas necessárias e o fim da dúvida que mais aflige uma sra: "qual é o meu número de calças?" Quando a música começa, ainda me debato com a manipulação da bicicleta. Arranjar o selim e o guiador revela-se uma prova difícil. Depois de várias tentativas, enquanto o resto da turma já está mais que aquecida, a minha vizinha do lado sai disparada da sua bicicleta com cara de poucos amigos. Não me diz nem uma palavra e agarra-se ao "bicho" e põe-lo na ordem. O rosto dela transmitia a mensagem clara: "Minha grande burra. Estás a irritar-me cá de uma maneira..."
Fase 1 superada. Já estou em cima da bicicleta e a primeira coisa que faço é olhar para o relógio em cima da cabeça do professor. Penso: "Está tudo bem, já só faltam 40minutos". Quem é que eu quero enganar? O já só faltam é mais ainda faltam...
O que acontece a seguir resume-se numa frase: picos de adrenalina, com a noção que é desta que saio a meio da aula ou então que vou cair para o lado. Durante toda a aula não tiro os olhos do relógio. Sinto o coração aos pulos e aldrabo a coisa. "Ponham carga(traduzindo: mudanças mais pesadas)", grita o professor. A minha técnica é tocar ao de leve na mudança e fingir que está mais pesada. Ufa!+ Sorriso amarelo = professor convencido de que estou mesmo a esforçar-me.
Quando chego ao exercício 4 (sim, isto está dividido por números) acho impossível ficar até ao fim. Estou a transpirar em bica e a pensar: "porquê?". O melhor da aula é o final. Saio de lá com o pensamento: "sobrevivi a uma guerra e sai sem ferimentos". O banho quente é o prémio merecido.

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