quinta-feira, 17 de junho de 2010

O verbo apetecer


Nunca me vou esquecer da frase de António Tabucchi: "Tem de me apetecer escrever como me apetecem pastéis de nata". O apetecer pastéis de nata é um sentimento tão simples e tão fácil de compreender. É uma vontade infantil, sem filtro. Um simples apetece-me. E pode nos apetecer tudo, sem compromissos ou responsabilidades. É apetecer e fazer. (com algumas restriçõs para não nos tornarmos nuns mimados) Depois crescemos e o apetece-me começa a ser mais difícil. Custa dizer o que apetece e realizar a simples vontade também se torna um processo complicado. Ao apetece-me vem sempre qualquer coisa. Apetece-me, mas não posso sair. Apetece-me, mas tenho de acordar cedo. Apetece-me, mas isto engorda. Pois bem, faço aqui um brinde ao apetece-me de Tabucchi e presto uma homenagem. Apetecia-me escrever como me apetecia um pastel de belém com canela. Já está. E amanhã vou esforçar-me por dedicar o dia a fazer simplesmente o que me apetecer.

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