terça-feira, 22 de março de 2011

Compras de bairro


Gosto de ir às compras no bairro. De escolher legumes, mexer na fruta, embalar hortaliças. Gosto de andar carregada de um lado para o outro. Gosto de entrar na peixaria e a senhora me chamar de "minha querida". Gosto de entrar na frutaria e de ser ultrapassada por idosos reformados ansiosos por chegar a casa. Até gosto de levar encontrões desta classe com má visão periférica. Os anos acumulados dão-lhes direito de passarem à frente e a olharem para trás e perguntar, aos cidadãos de segunda como eu: "Ah! Estava na fila?". Faz-se o sorriso nº 33 e responde-se: "Não faz mal". E não faz.
Gosto da vida de bairro que faz lembrar as aldeias. O vagar das pessoas que diariamente saem de casa de manhã para ir comprar comida para o almoço, lanche ou jantar. Pode ser uma cabeça de alho, uma caixa de bolachas, qualquer coisa que nem precisam para aquele dia. É claro que esta vida pertence aos que já não trabalham e que ficam meio perdidos quando descobrem que acabaram os coentros. Acabaram? Como acabaram? Lá lhes fazem sinal (dado que isto é uma cidade enorme) que no supermercado ao lado, na mercearia mais abaixo há de certeza. Nada convencidos hesitam. Ficam muito baralhados com aquela mudança inesperada no destino de uma manhã tão pacata, tão igual às outras.
Mas o melhor das compras é pensar: "Ora bem o que é que vou fazer com isto?". E pode se fazer tanta coisa. É mãos à obra e cozinhar o melhor que se consegue. Tentar fazer magia e mimar o nosso palato. Vamos a isso.

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