segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Escrever como quem cozinha

Escrever parece fácil. Aprende-se o básico. Há um sujeito, um verbo, complementos, preposições e vai-se por aí a fora. Qualquer pessoa o consegue fazer. Temos de ter ideias, é certo. Mas mais uma vez qualquer ser pensante as tem.
Temos de saber organizá-las de forma correcta. Com princípio, meio e fim. E já está. Mas escrever é como a culinária. Para se conseguir criar novos sabores, nunca antes provados, é preciso uma dose de génio, de brilhantismo. Alcançar tal proeza não é fácil. Tal como a culinária ou a ginástica, é preciso treino. Muito treino para se atingir o que se pretende. Ainda assim é difícil.
Pegamos num livro e de repente percebe-se que a mestria de uns é a impossibilidade de outros. Pegar em palavras e organizá-las de forma original, transcendente, é uma tarefa reservada a poucos. Não almejo atingir tal categoria, gosto de a apreciar, de ser surpreendida e de pegar num livro e pensar: "Bolas! És mesmo bom ou boa". Aconteceu-me agora mesmo ao pegar no "Grande Gatsby". Já aconteceu com tantos outros. É quase como pegar em ovos, sal e pimenta e criar uma coisa que nos eleva. A literatura é isso. Apreciar cada palavra, cada frase, cada parágrafo. Sentir uma explosão de emoções a elevar-nos o palato. No fim, descobrimos que naquela história ou prato tem algo de novo, de diferente, de invulgar. Que a vida esteja cheia de experiências destas.

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