terça-feira, 28 de maio de 2013

Ser mãe é perceber de números

Nunca gostei de números. Desde pequena que os tento ignorar e olhá-los até com um certo desdém. Prefiro as letras, dão me mais gozo e mexem mais com a minha massa cinzenta e imaginação. Passei uma boa parte da vida a tentar livrar-me dos números e a manter com os ditos o mínimo de relação possível com bastante sucesso. Eis se não quando me transformo em mãe e dou por mim a passar os dias a pensar neles, nos números. E tudo começa com a gravidez. Ou melhor nas vésperas dela com os atrasos do período. Quantos dias foram mesmo? Depois do facto consumado, começam a contar-se as semanas e o primeiro marco são as 12. A seguir são as ecografias a semanas certas e esquecemos que falamos em meses. Isso é uma coisa demasiado fácil e o desenvolvimento da criança faz-se à velocidade da semana. Quando a gravidez acaba, achava eu que as contas terminavam com ela. Nada mais longe da realidade. Surge então a conversa do percentil que até hoje ainda não percebi muito, muito bem. Só sei que nos o lugar da nossa criança na média das outras todas. A seguir vem a conversa das gramas. Um bebé tem de engordar no mínimo 30 gramas por dia. E lá damos por nós a olhar para a balança como nunca o fizemos. Queremos mais peso e nada de emagrecer. Ao mesmo tempo aparece a rotina da alimentação e divide-se o dia em blocos de duas em duas horas. As noites tornam-se períodos interrompidos e acordar às 3h ou às 5h transforma-se na rotina. Outra conta a juntar é a quantidade de comida ingerida, os ml de leite materno, a que muitas vezes se têm de juntar os ml de suplemento para fazer o número ideal. E para que a memória não falhe, o telemóvel tem de tocar de x em x horas porque ninguém nos ensina a funcionar com privação de sono. Contas feitas, só queremos que bata tudo certo e não falhe nada nas contas mais importantes da nossa vida.

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