quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ele há dias

Há dias que merecem ser assinalados. Por boas, más ou péssimas razões, ou mesmo por razões assim-assim. Este merece ser apontado porque impõe uma viragem. Há um antes e um depois. O primeiro dia em que comprei uma cinta quer dizer que mudou qualquer coisa na gravidade, a lei, claro. E na idade. Primeiro que tudo há que explicar que não é uma cinta, cinta. Mas sim uns calões cinta da Calzedónia. Vá, o nome que lhe dão para tirar de vez a conotação avozinha, é shorts moldantes. Há em versão legging, calção ou calção ainda mais comprido. Pois bem, convencida que nunca vou domar as ancas que Deus me deu e que alimento a pão-de-ló e chocolates, resolvi tratar do assunto. Como boa preguiçosa, investi no atalho. É que o meu corpo padece de um problema: está convencido que tem de armazenar gordura na zona das ancas por duas razões: não morrer à fome num temporal e caso me reproduza em breve tenho acumuladas calorias para alimentar o rebento. Bem... Por enquanto não há nada disto, portanto o melhor é a cinta calção moldante.
Primeiro acto: entro na loja e peço ajuda. À pergunta: "aperta muito?". A senhora responde: "Acho que sim", com uns olhinhos de pena. Depois surge outra questão: a cor. Preto ou creme? Escolho o creme, provavelmente inspirada nas cintas da avó e começo a achar a ideia uma triste invenção. Mas o pior ainda estava para vir: o tamanho.
Segundo acto: Peço o equivalente aos meus colãs, o nº 2 e oiço: "É muito pequeno, veja". E confronto-me com uns calções de bebé. Literalmente de criança de dois anos. Cara de espanto e horror. Lá levo o número maior e vou para o vestiário. Segue-se uma sucessão de dor, embaraço, vergonha, calor, muito calor. Et voilà. Consegui enfiar aquilo e sentir-me muito apertada. Bastante aliás.
Terceiro acto: Sai da loja com a cinta e um ar pesaroso. Mas levei a preta, não tive coragem de comprar a bege com ar deslavado de velhinha.
Ainda não tive coragem de a vestir, mas acredito que a minha relação com as saias vai melhorar e pode ser que convença as minhas ancas de que não vale a pena continuar a crescer. A sério. Quando me for reproduzir aviso. E em caso de temporal, como barritas.


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