terça-feira, 31 de agosto de 2010

15 minutos de tolerância

Uma das tradições deste país é um acordo tácito desenvolvido há muitas décadas, talvez séculos. O contrato é simples: podemos chegar atrasados 10 a 15 minutos. Ninguém fala oficialmente sobre isto. Provavelmente vão jurar a pés juntos que tal acordo não existe. Mas é mentira. Marca-se um encontro, uma entrevista, e ninguém espera realmente que se chegue à hora certa. Quando isso acontece sentimos que se passa qualquer coisa no universo. Provavelmente os planetas desalinharam-se, ou algo assim. O mais curioso neste acordo é que acabamos por chegar à mesma hora. Ou seja, alinhados no mesmo atraso. Verdade? O problema é quando nos adiantamos e chegamos a horas... Nem tudo é perfeito.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Os filmes devem ter um final, certo?


Andam por aí uns realizadores que acham que não terminar um filme é um grande rasgo de criatividade. Nem anunciam se é uma trilogia ou algo assim. Nada disso. Não há parte I a seguir ao título e nos jornais ninguém avisa que vai haver continuação. Só descobrimos esse detalhe quando estamos no meio da acção e... pimba. Acabou. Volte daqui a um ano. Muito engraçado, sim senhor.

P.S. - É o caso de "Salt". A Angelina sai-nos disparada de um helicóptero e pronto. Temos de esperar um ano para saber o que vai acontecer. Que coisa mais gira. :P

domingo, 22 de agosto de 2010

"Está a ficar fresquinho. É melhor vestires um casaco"

São 19horas de um dia de Agosto. Estou sentada numa cadeira à porta de casa cercada por árvores. De repente, sem nada me preparar, nem uma aragem fresca ou uma ligeira descida de temperatura, surge a voz: "Está a ficar fresquinho. É melhor vestires um casaco". Há uns anos tal comentário seria o suficiente para me fazer saltar a tampa e logo a seguir sair-me com uma tirada insensível, ao melhor estilo de adolescente revoltada sem razão. Desta vez, não.
Senti umas saudades ao ouvir aquela frase. A voz da mãe e o diminutivo "fresquinho", para não parecer demasiado exagerada (característica fundamental numa progenitora) fizeram-me sentir um saudosismo. Realmente não há ninguém como a mãe. É um ser que não descansa e o que nos vai avisar sempre de tudo. De que está frio, mesmo que o sol brilhe lá fora. De que temos fome, apesar de não sabermos. De que temos de pôr o chapéu, mesmo tendo o cabelo molhado. De que temos de dormir, porque no dia seguinte não vamos conseguir levantar-nos da cama. De que aquele amigo não é assim tão fixe.
Ainda é cedo para ser nostálgica, é certo, mas nesse momento tive uma mini epifania. Nunca voltarei à infância. Ela nunca mais me vai vestir um casaquinho. Nunca mais me vai atar os sapatos. Nunca mais me vai pegar ao colo e fazer com que me sinta altíssima (já sou mais alta do que ela). Nem nunca mais vai inventar histórias para me fazer comer e muito menos levantar-se da cama a meio da noite para trazer uma copo de água à criança mimada que grita do quarto: "Tenho sede". Passou. Mesmo assim, terei sempre aquela voz a repetir-me que está frio e que tenho de comer mais. Mesmo que seja só de vez em quando.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A melhor maneira de lidar com o final das férias é...

...prolongar as férias até ao último minuto e adiar o doloroso regresso. Resulta? De 1 a 10, digamos 7. Não está mau. Tudo o que torne o regresso suportável é bem-vindo. Utilizei uma técnica muito simples. Sair do local de férias na manhã em que se trabalha. É uma estratégia antiga. O domingo deixa de parecer um dia inútil e que aproveitamos tudo, tudo. Mas nada nos prepara para as toneladas de e-mails e para o constante: "viste?", "leste'". Nãoooo. Estive de férias e como tal desliguei-me do mundo. Num dia temos de perceber tudo o que aconteceu e vai acontecer. Apanhar o comboio e retomar tudo o que deixamos. Onde ficou a praia? O sol e a água salgada?